CONCERTOS

08/12/09

Isso foi antes

Em tempos fui feliz.
Em tempos fui
um rapaz tão afável.

Em tempos fui —
mas isso foi antes
de descrer de tudo.

(Foi muito antes
de descrer
de tudo.)

Em tempos foi feliz.
Em tempos foi
uma rapariga adorável.

Em tempos foi —
mas isso foi antes
de desistir de si.

(Foi muito antes
de desistir
de si.)

Em tempos fomos felizes.
Em tempos fomos
criaturas tão prestáveis.

Em tempos fomos —
mas isso foi antes
de sairmos ao mundo.

(Foi muito antes
de sairmos
ao mundo.)

04/12/09

No próximo dia 17 (é uma 5ª), às 22 horas, o 3 Pistas Vol. 2 será apresentado na Fnac do NorteShopping pelo Henrique Amaro; o Paulo Praça e eu tocaremos um par de canções cada.Link

03/12/09

Um componedor é um utensílio sobre o qual um tipógrafo dispõe os caracteres com que vai formando as linhas da composição. O interesse disto é o seguinte. Encontrei o meu professor de tipografia na Soares dos Reis, sujeito bem disposto, tipógrafo desde os 12 anos; na altura também fiscal de linha. Foi numa das suas aulas que Pedro Santos passou a Kinörm, depois de o professor Casimiro lhe indicar uma gaveta com componedores, de ele encontrar um quatro vezes maior do que aqueles que habitualmente usávamos, de exclamar "qu' enorme!", de o Peixe e o Hugo se atirarem ao chão atrás de um cavalete tipográfico perdidos de riso e a repetir quinorme, quinorme. Nada havia a fazer, pois, a não ser assumir — Pedro Cardoso que o diga — e estilizar (trocar o q pelo k, colocar o trema, deixar cair o e).

27/11/09

As múltiplas sementes dos Ornatos é o título da coluna de António Pires no i de hoje (ontem). Duas achegas: Homem Musculoso, e não Homem Moscovo, era o nome do projecto do Elísio e do Kinörm — lembro-me que fizeram música para uma peça de teatro —, e eu, ao ver tantos discos sair para o Natal, até gostaria de estar prestes a editar o meu; não é o caso.

25/11/09

Quando há uns anos me convidaram para abrir os concertos de Josh Rouse estava na fossa — literalmente. Ligaram-me estava eu a tirar nacos de gordura com quarenta anos do sifão da cozinha, depois de mais uma inundação. Eu não conhecia Josh Rouse e quem me estava a ligar não me conhecia; percebi o convite quando disse que só me podiam pagar as despesas — mas o concerto ia ter muita promoção, aquelas merdas. Eu aceitei porque estava na fossa e assim sempre arejava.

23/11/09

Foi graças aos LP da mãe do Bandido que descobri Sérgio Godinho; adolescente, "os soma bocos" que eu recordava da infância foram-me revelados como "hoje soube-me a pouco". Tive o Pano cru, o Canto da boca e o Campolide — o meu predilecto — emprestados tanto tempo que me começavam a pesar na consciência como um roubo. Isto a propósito da saída do segundo volume do 3 Pistas, que está para breve, e para o qual tinha gravado há dois anos Mudemos de assunto, acompanhado à bateria económica e pianinho por messiê Tricot.
("Andas aí a partir corações / como quem parte um baralho de cartas" — e a malvada andava mesmo.)

20/11/09

Antes que me esqueça: no dia 28 toco na Jo-Jo's; é um sábado e é às 17h. Motivos de interesse: é grátis, o Nico Tricot acompanhar-me-á à bateria económica, tocaremos uma ou outra canção do disco novo e, lá, o disco velho está a 7 €.
A pré-produção de Deve Haver terminou no dia 24 de Outubro; foram gravadas 14 das 19 canções (assinaladas a negrito, aqui ao lado). Em Dezembro voltaremos ao trabalho: ouvir as canções, decidir o que fica, perceber o que falta gravar e o que é necessário regravar. Como estou mais virado para o século XIX do que para o XXI, não tenho uma única foto nem um único minuto em vídeo do trabalho de estúdio. Tentei pôr aqui a maquete de algumas das canções, mas não me lembro bem como fiz para embutir o leitor de mp3 no blogue anterior (também, pelo que vi, aquilo ou tem dias ou deixou de funcionar de vez).
(Outra coisa: não vinha aqui há mais de um mês porque fui colocado a dar aulas de Educação Visual ao 7º ano; tenho tido pouco tempo para isto e nenhuma cabeça.)

08/10/09

Quase que me esquecia: amanhã toco na livraria Trama, e o B Fachada também. Link

28/09/09

A t-shirt é linda e ainda não desbotou (ou o que eu fui encontrar em Gordon Gano & The Ryan Brothers).
O Gonçalo Castro está a rodar um documentário sobre os Ornatos. Podem acompanhar a evolução do trabalho no Monstruário.

15/09/09

Começou no passado dia 10 a pré-produção de Deve Haver. No fim desta semana terminará a primeira sessão de trabalho; a segunda decorrerá na segunda quinzena de Outubro. A produção do disco está a cargo de Hélder Gonçalves.

23/08/09

Para desfazer as dúvidas: toca o Manel, depois toco eu, depois toca o Peixe, depois tocam os Plus Ultra (depois vêm os DJ, depois — ou entretanto — vai cada um para sua casa).

22/08/09

Irei à festa da União Desportiva Inexplicável sozinho e tocarei meia dúzia de canções novas e velhas à guitarra.

21/08/09

Porque é que Monte Elvis não é editado? Monte Elvis não era o nome definitivo do terceiro disco dos Ornatos era uma das hipóteses, a outra era Rói, rói, galinha Roy. Não gostava da primeira, partia-me a rir com a segunda, e não achava nenhuma um bom título (pelo menos para um disco nosso). Das dezoito músicas que gravámos na pré-produção desse disco, aproveitavam-se três ou quatro (se tanto); eram na sua maioria ideias instrumentais desconexas, apenas com esboços de letra e sem grande rasgo.

20/08/09

Vou aproveitar para responder aqui a algumas questões sobre os Ornatos, já que têm sido várias as solicitações (e de momento não tenho grandes novidades para pôr).

18/08/09

Embora uma coisa rigorosamente nada tenha que ver com outra, a UDI Colecta, dia 3 de Setembro no Armazém do Chá, será aquilo que mais se poderá aproximar a uma reunião de Ornatos. Toda a informação no blogue da UDInex.
Estive de férias. Entretanto, o meu nome fez parte da lista de 15 Revelações da Música Tuga na edição de Agosto da Blitz.

27/07/09

Isso foi antes é um ponto final: é o título da versão dos Violent, é a última canção para Deve Haver.

23/07/09

Uma noticiazinha no sítio da Blitz sobre a entrevista para a TramaVirtual.

22/07/09

Bem além dos fados… é o título da matéria que Cláudio Szynkier preparou para a TramaVirtual sobre mim e a minha música; dela fazem parte um texto e uma entrevista.

20/07/09

Como é que os Ornatos soavam na sua pré-história? Como os Requiem Pelos Vivos entre os 19 e os 44 segundos do 2º minuto da Canção do Marinheiro — mas desafinados e fora de tempo. Nessa altura — fins de 90?, inícios de 91 — ainda não tínhamos conhecido o Ricardo Almeida (o nosso primeiro vocalista), éramos um quarteto instrumental com o Manel na guitarra-ritmo e o Peixe na guitarra-solo.
Das variações a que o nome Ornatos Violeta se prestava, entre nós ficou célebre a Orquestra do Violeta. Eu já dei início à minha própria compilação: fui apresentado como Nuno Prats, Nuno Portas, e referido como Pratt, Praça e Prato.

10/07/09

O Bernardo Fachada é um rapaz simpático; gosto dele e das canções dele, também porque (para além de dois EP) me ofereceu Um fim de semana no Pónei Dourado e me convida para os seus concertos sempre que vem ao Porto (em contrapartida só lhe ofereci um Bacalhau à Gomes de Sá em minha casa — já tinha o meu disco). Invejo-lhe o ânimo com que toca (e tocou ontem, nas Quintas de Leitura).

08/07/09

Ficou fixe, ficou muito fixe. (Agora vamos lá deixar a coisa amadurecer, a ver se não é só a tusa do novo.)
Ao voltar a ouvir os Violent Femmes, uma ideia antiga voltou-se-me a iluminar: fazer uma versão de uma das suas canções. Parece-me o ponto final perfeito para o trabalho de composição; terei vinte e uma canções: as dezoito que já estão, mais duas que estão quase, mais a versão. (Gosto do número 21; faço anos a 21.) Das hipóteses que pus, uma já se afirmou: tem já um esboço de letra em português, que é mais uma interpretação do tema e menos uma tradução. Depois digo qual é, se ficar fixe (e se for autorizado a fazer a versão).

03/07/09


A minha filha faz hoje anos — um.

30/06/09

Aqui ao lado a lista das canções disponíveis para Deve Haver. As doze primeiras farão parte do disco; para já a ordem é apenas alfabética (e alguns títulos ainda não são definitivos).

25/06/09

Levanta-te e anda está quase. Uma das vantagens da insónia: conseguir resolver letras de canções.

24/06/09

A minha filha costuma acordar pelo menos uma vez a meio da noite; cabe-me a tarefa de voltar a adormecê-la. Num dia bom ela depressa adormece, eu depressa volto a dormir. Num dia mau não adormece, consegue acordar a mãe e ali ficamos os três. Num dia mais ou menos, como hoje, o tempo que demora a adormecer é o tempo que eu levo a perder o sono de vez.

21/06/09

No dia em que os Ornatos receberem uma proposta irrecusável para voltar aos palcos já tenho alguma papinha feita — pelo menos, graças ao Hattori, conseguirei lembrar-me das linhas de baixo de Um crime à minha porta e Punk moda funk.
O trailer de Meu caro amigo Chico está muito legal; tem imagens bem bonitas e o trecho do Bernardo Barata é adorável — identifico-me perfeitamente com aquele despenteado de quem tem um bebé. (Na minha cabeça ouço sempre o meu amigo Peixe a dizer muito legal com um péssimo e hilariante sotaque brasileiro.)

19/06/09

Mais uma: Se acabou, acabou. Cinco canções — já dava para um EP. Com a excepção de uma, que só tem um ano, são todas a conclusão de ideias mui antigas, suspensas por nunca conseguir resolver aquilo que as minava. Em todo o caso continuam a ser matéria em bruto, à espera de arranjo.

18/06/09

Hoje decidi gravar na casa de banho. Moro num primeiro andar, o quarto onde costumo trabalhar está virado para a rua e ultimamente o ruído do trânsito tem sido mais intenso, por causa das obras que andam por aqui a fazer. Quando gravo em MiniDisc voz-guitarra sem grandes preocupações soa-me sempre bem; só tenho de escolher uma das versões da canção (de preferência sem enganos na letra) para ir ouvindo e perceber se presta para alguma coisa.
Com Eu acho piada, Agora é que eu preciso, Aconteceres-te e Estar tudo mal não te traz saúde nenhuma são agora dezasseis as canções prontas (ou a aprontar), quase tantas como as que gravei para o primeiro disco; e desta vez não vou ter pena nenhuma de deixar canções de fora.

16/06/09

Em Todos os dias fossem… digo merda, foda-se e puta que partiu. Merda várias vezes em Alegremente cantando e rindo vamos, foda-se várias vezes em Esse não, e puta que pariu uma vez em Já não me importo. Quando escrevi e gravei as canções estava mesmo com o merda, o foda-se e o puta que pariu entalados; depois a força do desabafo tornou-se inversamente proporcional ao número de vezes que dizia merda, foda-se e puta que pariu — comecei a ver-me como um miúdo que diz um palavrão a achar que está a cometer a maior das transgressões.
Queria evitar que acontecesse isso com as canções para Deve Haver. O problema é que hoje, ao trabalhar uma canção que se chama Eu acho piada, cheguei à conclusão de que não consigo substituir os vulgarismos cagar para, foda-se (a fazer aqui, mais uma vez, a sua aparição) e rir de caralho por outras expressões sem que a letra perca — isto para além de encaixarem muito melhor na métrica. (Do mal o menos: não foi fácil, mas consegui evitar rimar caralho com trabalho.)

13/06/09

Fui convidado pelo Cláudio Szynkier, editor de conteúdos da TramaVirtual, para uma entrevista. Já respondi às perguntas que ele me enviou por e-mail e a entrevista será publicada brevemente.

05/06/09

Quem ainda não tiver sacado Todos os dias fossem estes/outros pode agora fazer o download gratuitamente através da TramaVirtual; coloquei-o há dias na minha página, e neste momento esta encontra-se nos destaques do sítio. Na Trama existe a política de download remunerado, o que quer dizer que para além de ser grátis para quem baixa tem a vantagem de o artista poder ganhar uns quebrados com isso.

02/06/09

Como devehaver já não estava disponível — e eu sou demasiado picuinhas para achar que deve-haver ou deve_haver seria a mesma coisa — este blogue tem o meu nome. (Ainda experimentei outras duas plataformas onde era possível usar o endereço, mas o Blogger — e não é por ser nabo e preguiçoso — é muito mais intuitivo e fácil de utilizar.) Assim até posso pôr para aqui tudo e mais alguma coisa, e não apenas o que estiver relacionado com o trabalho para Deve Haver — o meu segundo disco, a ser editado no próximo ano.