CONCERTOS

01/04/10

Já não faço alinhamentos para concerto desde que me cansei de fazer alinhamentos para concerto: agora levo uma lista com trinta e oito canções (dezanove de Todos os dias fossem estes/outros, dezanove que trabalhei para Deve haver; tenho ainda duas ou três versões que não fazem parte desta lista) e toco as que na altura achar por bem. Em Coimbra toquei vinte e sete canções, e, pelo que me disseram, o concerto durou cerca de duas horas. É claro que tenho de descontar pelo menos meia hora de conversa de chacha: concluí finalmente que falar muito entre canções me ajuda a descomprimir e, consequentemente, a estar menos nervoso e mais concentrado no momento em que as toco; o som da sala tem também influência directa na escolha das canções, o que quer dizer que se tivesse o alinhamento definido provavelmente não tocaria aquelas que melhor soariam naquele espaço.
Esta questão não é nova. Já no tempo dos Ornatos pensámos em deixar de fazer o alinhamento, por influência dos Violent Femmes (quando abrimos os concertos deles descobrimos que era o Brian Ritchie que o decidia no momento, tocando a introdução no baixo e obrigando a banda a segui-lo ou gritando o nome da canção), mas as implicações técnicas não foram resolvidas e não o chegámos a deixar de fazer. Olhando com atenção a contracapa do Cão! reparo que enquanto o resto do pessoal está empenhado a decidir o alinhamento, escrevendo-o na tarola do Kinörm (antes de um concerto em Hannover), eu estou ali a brincar com as baquetas como se não tivesse nada que ver com o assunto.